Recent reviews by Vidal

É importante tirar os elefantes brancos da sala primeiro, então:

1) sim, o jogo tá bem abaixo do padrão de otimização que a própria Capcom atingiu com os anos de uso da RE Engine. É perfeitamente jogável, mas precisa de um pouco de paciência na hora de configurar. Se tem um lado positivo disso, é que tanto o DLSS quanto o FSR 3.0 fazem milagres aqui para quem tem specs medias-fracas.

2) sim, microtransações são uma bosta, e é uma prática que a Capcom infelizmente pegou muito gosto de fazer, faz muitos anos, desde a geração passada. Só que também tá rolando muita desinformação e muita maldade no que diz respeito a isso, pq esses itens a venda são plenamente conquistáveis no jogo, sem grandes esforços, e nas primeiras 2 ou 3h de gameplay. Essas DLC são aquele tipo de facilitador de jogo a lá Ubisoft. para quem tem preguiça de ficar virando o mapa de cima pra baixo ou não tem tempo de jogar. É uma bosta, mas não interfere em absolutamente >nada< no gameplay.

Tirando isso do caminho, dá para falar sobre o jogo. Que é sensacional. Quem é fã do primeiro Dragons Dogma vai se regozijar aqui - o gameplay é algo absurdo de bom, responsívo e ainda mais divertido que o do primeiro, proporcionando coisas diferentes e soluções inusitadas para algumas situações. A IA dos pawns tá super melhorada, apurada e inclusive é muito legal ver como eles interagem com o player e dão um tom bem mais agradável e amigavel para o grupo, com comentários interessante e inclusive guiando de uma maneira mais assertiva o player em áreas e missões que aquele pawn já fez no mundo dele.

O trabalho da Capcom (e do Itsuno e do time dele) era basicamente expandir o primeiro jogo com idéias e coisas que, �  época, eles não tinham capacidade tecnica de fazer. E aqui tu vê realmente o carinho dos caras nisso, num mundo absolutamente vivo e divertido de explorar cada cantinho.

Eu não vou ser maluco de dizer que vale a pena comprar agora, sem promoção, na época de lançamento, exceto se você for muito fã de Dragons Dogma e estiver órfão, aí vai em frente. Agora, de um modo geral, não vai doer esperar uns meses para cair o preço. O jogo sempre estará aqui, e eu tenho certeza que ainda vai melhorar bastante - apesar da Capcom.

Por fim, não caiam em discursos calamitosos e apocalípticos sobre o jogo. Tem muita desinformação rolando, principalmente partindo de pessoas que não jogaram o primeiro jogo e não sabem como os dois jogos funcionam.

Os servidores estão instáveis e ficam kickando aleatoriamente os companheiros do seu time, ou você mesmo as vezes, alem do matchmaking não estar funcionando, as partidas não atualizarem a lotação das salas e o crossplay não estar funcionando.

E, mesmo assim, MESMO ASSIM, esse jogo é uma das experiências multiplayer mais espetaculares que eu ja vi. Inacreditável.

Aguardem mais 72h que tudo se resolverá democraticamente, patriotas da Super Terra.

eu gasto dinheiro nesse cancer de jogo e ainda por cima essa empresa miseravel me faz scam?

CADE AS MINHAS MOEDAS BLIZZARD

- no DLC
- no microtransactions
- no game-breaking bugs
- hours and hours of content

Also, the most important point:

- has Karlach

GOTY 2023

Thank you Larian Studios.

A Capcom já vem acertando nos seus jogos e franquias clássicas faz uns bons anos. RE2 remake, RE7, Monster Hunter World e Rise, Megaman 11, Devil May Cry 5, entre outros jogos... porém, ela precisava voltar a acertar no grande carro-chefe dela. Não que Street Fighter V tenha sido um jogo ruim: ele teve um começo péssimo, mas no fim de tudo, acabou sendo um jogo relativamente bom. Mas não era o suficiente. Ela precisava de um Street Fighter que seja mais do que bom. Que seja ótimo. Que tenha talvez o mesmo impacto cultural que Street Fighter 4 teve nos fighting games.

Street Fighter 6 é a coroação dessa fase moderna da Capcom.

Tu pode sentir o carinho da desenvolvedora no produto aqui. Tu percebe que ela finalmente começou a ouvir os players, estudar o que a galera pedia, e conseguiu implementar um sistema que não é só desafiador para quem já é veterano de jogos de luta, mas também é super convidativo para os novatos, com um modo de treino robusto para te ensinar todos os macetes que tu precisa saber de um personagem, nos minimos detalhes e da maneira mais amigável possível. É o jogo perfeito pra chamar os amigos num churrasco e jogar sem nenhuma pretensão.

Não bastasse isso, é um dos jogos com mais personalidade e alma que eu ja vi. Desde a escolha absolutamente consciente e confiante no game design partindo de influências de hip-hop (afinal, é um jogo literalmente chamado Briga de Rua), passando por personagens novos cheios de carisma e também um cuidado muito especial com os velhos clássicos. Tem de tudo, para todo mundo.

Obviamente não é um jogo perfeito. Gostaria de um modo arcade mais interessante do que slides e falas. Gostaria que tivesse uma trilha sonora mais marcante, apesar de não ser ruim. Gostaria de várias coisas que recaem no meu gosto pessoal. Porém, o futuro desse jogo e da Capcom é brilhante.

Quando eu era um jovem adolescente, uma das maneira que eu achava para passar o tempo ocioso do turno inverso da escola era ficar num mini fliperama que tinha dentro de um buteco, apenas algumas quadras da minha casa,que fica numa zona suburbana como qualquer outra de qualquer capital. Chegava em casa da escola, fazia meus deveres, juntava algumas moedas e ficava lá, naquele ambiente muito duvidoso para uma criança, cheio de gente bebendo, jogando sinuca, cheiro de cigarro barato no ar, e então tinham os arcades. Lembro que joguei muito Metal Slug (não passava da segunda fase), Street Fighter Alpha 2, entre outros jogos, mas principalmente The King of Fighters 98. Gostava de assistir os guris mais velhos jogando, aprendendo os macetes deles, e então eu também jogando... foi uma época interessante. Era o meu escapismo de uma vida simples, porem sem excessos.

198X é um jogo, financiado via kickstarter, que versa sobre um (ou uma, ou umx, o jogo não deixa claro a identidade de genero da pessoa) adolescente sem nome (as vezes apenas chamado de "Kid" mesmo), que vive no suburbio de uma cidade grande, e não tem grandes esperanças, nem grandes expectativas. Vive uma vida comum. Acorda, vai para a escola, volta para casa. Anda pelas ruas daquele suburbio tipicamente americano dos anos 80, apenas para sair do marasmo de ficar em casa. Até que encontra um fliperama abarrotado de gente esquisita, e entende a magia dos jogos e do escapismo. E é sobre isso que 198X se trata: ser um jogo sobre a vida de alguem com jogos. Pelo menos num primeiro momento.

Ao encontrar o fliperama, o jogo então "mostra" a sua verdadeira faceta (em aspas, pois a introdução do jogo ja escancara um pouco isso): 198X se trata de uma grande homenagem aos anos 80. Ou melhor: uma homenagem � quela concepção de anos 80 que ficou no imaginário popular das pessoas. Música lotada de sintetizadores, neon, drama de colégio americano, sabe? Essa homenagem se dá na forma que Kid consome alguns dos jogos daquele fliperama, seja um clone (bem digno) de R-Type, seja uma réplica de Outrun... é um jogo sobre referenciar jogos daquela época, porem, contando uma história nas entrelinhas.

É legal salientar que os jogos são bons o suficiente, quer dizer, eles não são feitos para serem extremamente responsívos (bem pelo contrário, a julgar pela introdução, que vende muito mal o jogo, diga-se), mas sim para passar o feeling. E isso é algo sempre muito positivo quando usado dentro da proposta certa, o que felizmente é o caso.

Se o positivo de 198X são os jogos que ele homenageia, o negativo justamente quando ele não está homenageando esses jogos. A história de Kid é tipo... genérica. Adolescente americano com problemas familiares, com uma vida entediada... entendo que é algo que simplesmente impulsiona o jogo pra frente em termos de construção de mundo, mas poderia ser melhor trabalhado. Importante destacar também que o jogo tem uma boa contribuição do mestre Yuzo Koshiro, o que certamente sozinho ja conta como algo extremamente positivo.

Em termos tecnicos, o jogo é leve, roda sem problemas de performance. Porem, a falta de customização de controle e uso de layouts estranhos (e isso se torna um problemaço em Shadowplay, que eu considero o jogo mais dificil dentre todos que poderia ser bem mais facil com controles mais racionais) e a impossibilidade de pular cutscenes são realmente frustrantes.

Não acho que o jogo vale 20 reais, sendo bem sincero. Comprei ele em um bundle, então pelo menos essa preocupação eu não tenho. Mas foi uma experiencia divertida revisitar uma parte da minha infância, dado os devidos anacronismos. As vezes, a gente só quer abrir um joguinho e fugir da realidade. Quando a gente abre um joguinho para fugir da realidade sobre abrir joguinhos para fugir da realidade, as coisas se tornam pelo menos cômicas.

Terminado em 22/12/2021.

É tipo como se pegassem o melhor do MP de Halo mas colocassem portais. E isso tudo incrivelmente funciona muito bem. Que jogo incrivelmente divertido.

Domingo. 25 de julho de 2021. 18:20 da tarde. Resolvi instalar e jogar Garfield Kart pura e simplesmente pelo desapego a qualquer conceito de humanidade que eu possua. Nesse ponto, eu não estou sequer tentando mais.

Porém, o jogo me levantou algumas questões filosóficas... e eu estou tentado a chegar na conclusão de que Garfield Kart nada mais é do que o Dark Souls dos jogos de corrida eletrônicos.

Veja bem: você é arremessado no mundo do jogo, sem nenhum tipo de explicação. Onde Garfield Kart se encaixa na lore de Garfield criada pelo Jim Davis? Qual o motivo da existencia de competições de kart envolvendo o Garfield, Oddie, Nermal, Jon e todos os outros personagens? Assim como em Dark Souls, nada é explicado. Porem, existem segredos a serem coletados no mapa, que talvez expliquem isso. Ou não. Assim como em Dark Souls onde a lógica das coisa existe basicamente dentro do fandom do jogo que cria teorias em cima de teorias em cima de teorias em cantos obscuros do Reddit. Existem grupos de lore de Garfield Kart? Não sei. Nem quero saber.

Seguindo o raciocínio, a otimização do jogo é muito semelhante a Dark Souls no que diz respeito a ser um jogo antigo simplesmente rodando mal em computadores com 500% de requisitos a mais que o necessário. Isso, assim como em Dark Souls, adciona um charme ao jogo. Quando o jogo simplesmente vai cair de 60 para 15fps sem nenhuma explicação aparente a princípio? Quando muitos carros estão juntos, ou em segmentos especificos do cenário, como se tivesse um tipo de Blighttown particular dentro de Garfield Kart, porem sem ser um pântano infestado de inimigos peçonhentos, mas sim uma fazenda. Ou uma praia.

Também igualmente como em Dark Souls, o balanceamento de Garfield Kart é horrível. Certos itens, modelos de carro, de peças e power-ups de inicio de jogo são simplesmente melhores que outros, e isso nunca é explicitado ao player - cabe a ele descobrir na raça. Git gud.

Dark Souls é um jogo, no fim das contas, linear - mas que possibilita algumas alterações de percurso: você prefere iniciar o jogo indo para Blighttown e bater no sino de lá antes de subir em Undead Burg? Vai em frente. No fim, você precisa de ambos para abrir as portas de Sen's Fortress. E em Garfield Kart? Você pode conquistar a glória iniciando pela Lasagna Cup, porem, nada te impede de jogar a Pizza Cup antes - porem, você precisa jogar ambas, e coletar as moedinhas, para poder habilitar a Burger Cup. "Todos os caminhos levam �  Roma", como diz o ditado.

Assim como Dark Souls é uma derivação de Demon's Souls, Garfield Kart é uma derivação de Mario Kart. Os principais elementos dos dois jogos estão em seus antecessores também. E os seus antecessores possuem uma certa mística que eles podem tentar - e ambos são famosos - mas nunca conseguirão.

Finalizando, se em Dark Souls nós podemos considerar como fim de jogo a derrota de Gwyn, independente de bosses opcionais ou desdobramentos dentro de alguns cenários, em Garfield Kart eu considerei a experiência terminada no momento em que terminei a Ice Cream Cup. E simplesmente não tenho condições psicológicas de jogar em outros modos além disso. Vida que segue.

Terminado em 25/07/2021.

Você é um sapo, que também é um detetive (mas não o melhor detetive, na verdade você é tipo o segundo melhor detetive, pois a lagosta é um melhor detetive que você, embora você seja um detetive muito competente) que precisa investigar uma ilha onde supostamente existem fantasmas assombrando o morador (que também é o rei dela). O dono da ilha simplesmente não consegue dormir, chamou especialistas em fantasma, mas cabe a você, o segundo melhor detetive de todos, superar essa situação simplesmente assustadooooora e resolver o mistério.

Esse é o plot desse joguinho de menos de 1 hora de duração, simples, direto, tranquilo, relaxante, fofo e em especial, divertido. O humor do jogo é aquele tipo de coisa que qualquer um pode jogar, independente da faixa etária. O jogo é uma grande piada que tira sarro inclusive de si mesmo, mas nunca caindo naquela coisa pedante e inteligentona demais. É um jogo para relaxar, acompanhar as situações nessa ilha estranha com gente esquisita e ver onde isso vai dar.

Taí um jogo muito interessante, que eu não sei definir: é uma visual novel? É um point and click? Na duvida, eu vou simplesmente dizer que é um jogo excelente.

Terminado em 16/01/2021

A história de desenvolvimento desse jogo é curiosa. Ele seria originalmente um jogo de Amiga em 1993, sendo desenvolvido por um pequeno grupo de devs suecos. Porém, foi engavetado. E então retorna mais de 20 anos depois, pelas mãos de um desses devs originais, devidamente renomeado para "1993 Space Machine".

E o jogo em si é um legítimo euroshmup. Você pode se perguntar "tá, mas o que é um euroshmup?" e eu vou responder brevemente: é um subgenero, muitas vezes pejorativo, dado para shmups desenvolvidos para sistemas populares na Europa, como o C64 e ou Amiga, que tem um tipo de gameplay mais devagar em comparação com os shmups japoneses como Gradius, R-Type, Raiden, Aleste, etc. E assim como esses shmups japoneses frenéticos também são experiências curtas e grossas, onde você morre muito rapidamente e o jogo geralmente não passa de 40 minutos a 1 hora de jogatina, os euroshmups tendem a ser mais longos, a terem recursos como lojas de upgrades, pontos de salvamento... enfim, euroshmups em geral tem uma fama muito ruim no nicho de jogo de navinha. E isso virou um meio de definir jogos de navinha com scroll de tela lento, em que você passa horas jogando, compra upgrades... não precisa ser europeu pra ser um euroshmup.

E 1993 Space Machine é exatamente tudo o que um euroshmup que eu descrevi acima é. Só que muito bem feito. Com uma trilha sonora muito gostosa e relaxante, uma história superficial o suficiente pra você ignorar completamente os dialogos. E o jogo funciona muito bem como algo que você consome em pequenas doses - e mesmo se você jogar de uma vez só, o jogo não é muito longo, tendo cerca de 1h a 1h30 talvez, de gameplay total. A variedade de naves e de armas aqui é muito divertida e tu podes moldar o teu gameplay com o tipo de armamento que tu prefere, e isso é sempre uma coisa boa. E, com isso, não existe um certo tipo de nave ou certos tipo de armas certos pra se jogar - você escolhe as armas que quiser, e vai jogar o jogo como bem entender e ter a tua própria experiência.

O jogo evidentemente não vale os quase R$25 reais do preço cheio, mas numa promoção ali que fique a 70% por ai, se você quiser um jogo de navinha com feel dos anos 90 mas perfeitamente ajustado pros dias atuais também, numa diversão contida e, incrivelmente para um euroshmup, rápida, então vai fundo e divirta-se.

Terminado em 05/01/2021