No atual momento, onde a emblemática figura dos vampiros vem sendo "modernizada e repaginada" por diversas obras infanto-juvenis, Vampire: The Masquerade – Bloodlines pode ser uma boa válvula de escape, trazendo consigo a velha e boa imagem vampírica, repleta de escuridão, violência e sedução. Com gráficos bonitos para um jogo lançado há 10 anos, uma trilha sonora que chama atenção, e uma jogabilidade que ao mesmo tempo consegue ser intuitiva e com uma pitada de complexidade, esse jogo é uma boa pedida para fãs do gênero RPG. O jogo tem sim sua parcela de aborrecimentos, principalmente em decorrência de bugs, mas ainda assim, é altamente recomendado para aqueles que admiram a imagem das criaturas mais fascinantes que habitam as noites da ficção.

Bloodlines se passa na cidade de Los Angeles, onde a sociedade vampírica passa por um momento delicado, principalmente com o conflito entre a Camarilla e o Sabbat.
A Camarilla, a maior e mais influente seita da sociedade vampírica, surgiu para garantir a proteção de todos os vampiros, e através de um sistema rígido de normas e leis, impedir a detecção das criaturas da noite pelos humanos. Essa seita tem como tradição mais importante a chamada Máscara, um código de honra que dita que nenhum ser não-vampiro deverá saber da existência dos vampiros. A Camarilla possui diversas castas inseridas em suas entranhas. E um dos cargos mais importantes nessa seita, é o dos chamados Príncipes, que devem manter a ordem na cidade �  qual foram designados, cumprindo as regras da Camarilla. Um Príncipe tem o poder de decidir quem pode ou não realizar o “abraço”, o ato onde um vampiro condena um mortal ao vampirismo, sugando todo o sangue da vítima, para em seguida colocar em seu corpo uma pequena parte de seu sangue vampírico.
O Sabbat, por sua vez, é a segunda maior seita de vampiros e vai contra tudo que é pregado pela Camarilla: consideram os vampiros superiores, e acreditam ter o direito e a liberdade de fazerem o que quiserem, espalhando o caos sem se importar com os humanos, que para eles não são mais que alimento.
E assim, o protagonista é jogado por conta própria em uma sociedade vampírica conturbada pelo conflito entre o Sabbat e a Camarilla, além da presença dos anarquistas e outras seitas e grupos.

Enquanto no cenário de RPG publicado em 1991 existem 13 clãs, em Bloodlines apenas 7 deles estão disponíveis (existem mods que adicionam novos clãs ao jogo). Na criação do personagem, existem duas possibilidades: responder a uma série de perguntas que determinarão o clã que mais se adequa �  sua personalidade, ou escolher diretamente sua classe. Em ambos os casos, o jogador poderá escolher o sexo de seu personagem (não é possível alterar a aparência), um nome, e poderá realizar uma distribuição de pontos em três características: físicas, sociais e mentais. Essas características serão de extrema importância para o desenvolvimento de seu jogo, pois elas determinarão as habilidades de seu personagem. O jogador tem �  sua disposição armas corpo-a-corpo, e armas de fogo. A jogabilidade com armas brancas é feita em terceira pessoa, e o modo em primeira pessoa é ativado ao se utilizar armas de longo alcance.

Os gráficos são bonitos e satisfatórios, com cenários e interiores bem trabalhados, que conseguem estabelecer a atmosfera necessária para uma boa imersão do jogador. Os personagens envolvidos na trama possuem aparências e expressões realmente boas. Ao se levar em conta que este jogo foi lançado há 10 anos, é praticamente impossível fazer críticas �  sua parte gráfica. A ambientação do jogo é satisfatória, com cenários variados, que incluem cidades, florestas, esgotos, um cemitério, uma mansão abandonada, entre outros.

A trilha sonora é considerada por muitos o ponto forte do jogo. As canções executadas ao decorrer da trama são imersivas, e encaixam-se perfeitamente no clima punk-gótico transmitido pelo game. O jogo conta com composições do norte-americano Rik Schaffer, e há também uma parcela de músicas licenciadas para o jogo, de bandas com cunho gótico, como Lacuna Coil, Die My Darling, Darling Violetta, entre outras. É válido destacar a música Bloodlines, composta por Al Jourgensen, vocalista da banda de metal industrial Ministry, especialmente para o jogo.

Infelizmente, como já citado anteriormente, o jogo apresenta muitos bugs. Felizmente, existem os patchs não-oficiais que solucionam a grande maioria dos problemas, e possibilitam que o jogador aproveite o jogo de maneira satisfatória.


Informações extras: Em 1991, a editora norte-americana White Wolf publicou o sistema de RPG de mesa Storyteller. Esse sistema, notório por ser extremamente focado na interpretação estreou com Vampire: The Masquerade (Vampiro: A Máscara, no Brasil), tendo como pano de fundo o cenário World of Darkness. Vampiro: A Máscara se tornou um sucesso, e com a popularidade surgiram produtos e jogos, entre eles Vampire: The Masquerade – Bloodlines. O jogo foi desenvolvido pela Troika Games, que infortunadamente, começou a enfrentar dificuldades após seu lançamento, vindo a fechar as portas em 2005.